terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Retirar (o que quer que seja) !




Como é que te posso explicar que é a desconstrução que interessa, não a imagem ?!

3 comentários:

  1. No embalo do meu último comentário sobre o rosto e a citação de Deleuze, e da forma como quiseste marcar a diferença entre um auto-retrato e a auto-representação, só agora tive tempo para escrever.
    Quando dizes que não te interessa o auto-retrato mas antes a auto-representação (enquanto processo e não como fim) como defines a diferença entre auto-retrato e auto-representação? Para além disso, como identificas os meios e os fins na auto-representação criando um auto-retrato? Ou seja, o que é uma auto-representação e/ou um auto-retrato enquanto processo e enquanto fim?
    Quanto à desconstrução, também me parece-me ser difícil de explicar, até porque o conceito em si nunca foi, na realidade, bem compreendido, e as suas aplicações são geralmente demasiado retóricas para se compreender o seu sentido, ou talvez nunca foi bem explicado pelo seu criador.
    Se conseguires ler Jaques Derrida e a sua teoria relativa à literatura e se conseguires adapta-la à pintura, farás um excelente trabalho.

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    1. Ando há algum tempo a ler Derrida e a sua teoria da desconstrução, mas tenho alguma dificuldade em entender bem as coisas.
      Quando penso em auto-retrato, penso em objeto concretizado, UM auto-retrato. Na auto-representação penso em processo, ainda a acontecer, ainda a ser representado. Penso no verbo, na ação, ao contrário do retrato.
      A concretização desta auto-representação tem sempre bem definida a importância do reflexo e da sua reflexão. O que realmente me interessa, e que quero tão desesperadamente apresentar e debater, é o quanto crucial e fundamental é haver esta reflexão continua. Mas esta acaba sempre em objetos, auto-retratos.
      Sinto que quanto mais me afasto da figura do retratado, quanto mais a conseguir desconstruir, mais me aproximo de materializar a auto-representação.
      É-me díficil explicar que esta necessidade de compreender algo que não é materializado, o eu, parte de uma imagem e acaba noutra.
      Infelizmente ainda não consegui chegar ao ponto, e não sei se algum dia o conseguirei fazer, de desmaterializar esta reflexão. Mas esta, a de me auto-representar (sempre como reflexo do que me rodeia) é a única maneira que sei para manifestar a minha ideia.



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  2. Não é fácil entender Derrida. Eu também não entendo nada do que ele escreveu.
    No entanto, ocorre-me de forma intuitiva que a desconstrução tenha por objectivo questionar os princípios de um fenómeno que o fazem ser o que é, devido ao "logos" (daí Derrida ter criado o termo "logocentrismo"). Ou seja, os significados que tomamos por seguros, são apenas resultado de um logos (discurso) (palavras) que parecem ter a sua definição de tal forma estável que parecem ser inquestionáveis. Ora a desconstrução seria, porventura, a atitude crítica de colocar em causa tais definições estáveis e definitivas. De certo modo é analisar uma verdade fugindo ao sentido que as palavras dão a essa verdade.
    Isto torna-se confuso quando falamos de texto, pois o sentido de um texto (conjunto de palavras) só pode ser entendido por meio de palavras (linguagem). Daí que o conceito de metalinguagem, esteja relacionado com a desconstrução.
    Como inserir esta ideia no campo das artes visuais pode ser a pergunta que precisas de responder. Se desconstruir, possa ser equivalente a desmontar, pode significar que à noção de auto-representação, tenhas que identificar todos os seus princípios base que o fazem ser auto-representação enquanto conceito, e após isso, pegando nesses princípios organiza-los independentes uns dos outros. Conseguirias assim um novo significado de auto-representação pelo facto de estares a ver os seus componentes numa nova organização.

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