quarta-feira, 25 de julho de 2018

Ás vezes sinto-me !


Ás vezes sinto-me.

Sinto-me… Sei lá como. Sinto-me e então sento-me para perceber bem como me sinto. Mas quando me sento faço coisas que me fazem não sentir. Então, apesar de me sentir, esqueço-me que me sinto e até deixar de estar sentado deixo de me sentir. Depois levanto-me e lembro-me que me sinto. Então pergunto-me para mim mesmo o que é suposto fazer. Não o que é suposto fazer para deixar de me sentir mas o que toda a gente faz, para sentir para mim mesmo que faço parte de uma certa maneira de ser. Assim sendo, já que tanta gente assim o é, provavelmente deixarei de me sentir como me sinto, pois ninguém se sente assim. Mas é quando tento fazer essas coisas que estas sensações me fazem sentir ainda mais assim. Aí sim sinto que é desconfortável viver nesta luta entre o sentir e o tentar não sentir para, mais tarde ou mais cedo, de uma ou de outra maneira, aperceber-me que sempre me senti assim e que apenas tentei não sentir-me fazendo coisas que toda a gente que assim não se sente faz. Assim não se sentem pois se sentissem não o fariam. Fariam coisas para deixar de assim se sentirem. Digo eu. Digo isto, sinto aquilo e faço outras coisas. Ou coisas outras. Coisas ocas. O oco não me faz sentir. Mas o sentimento é oco. Isso não faz sentido, pelo menos agora. E coisas que não fazem sentido são mais do que as que fazem pois se assim não fosse assim não me sentiria. Quero e não quero pintar. Quero e não quero. Quero porque é óbvio querer e não quero porque é óbvio. Não que seja óbvio pintar. Não sentir é que é.

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