A ideia de se ter coisas
para me fazer apresenta-se como sendo um foco de luz num caminho que não têm
visivelmente direcção mas é um volume tridimensional no qual ainda não consigo
bem perceber se estou a andar, planar ou nadar. Mas a ideia da coisa que eu me
interesso saber e esmiuçar mais um pouco faz-me por breves momentos esquecer
como me desloco (se é que o faço) para me focar naquilo que se vai desenrolando
pouco a pouco à minha frente e agora que falo/escrevo isto apercebo-me que se calhar
é essa a forma que encontrei para estar presente. Esse presente tem mesmo muito
que se lhe diga principalmente para mim que me projeto sempre no para além
deste. O ante e o depois tornam-se mais importantes e pesados com muito peso do
que o presente e com isso tudo ele vai reduzindo pequenino pequenino porque
gastas o gajo a pensar nas merdas que fizeste ou nas que tens para fazer fora
deste preciso tempo que é único acredita em mim podes já nem cá estar amanhã
para me provar o contrário. Então as mudanças, as poupanças, os futuros
projetos mostram-se irrisórios nesta objectividade presencial d’um presente
único e valioso mais do que outro tempo qualquer mas como podes muito bem aqui
observar estou-me a enganar a mim e a ti também desculpa pois é visível que
essas três dimensões não existem na realidade, pelo menos não como três coisas separáveis.
Então as mudanças e os projetos e as poupanças são pedaços de mim que se vai
soltando e atirando para a frente na ideia de os voltar a encontrar num futuro
que necessitarei mais deles do que agora porque temos esta capacidade de
imaginar o amanhã de uma maneira muito concreta e coitados de nós se assim não
acontecer choramos e gritamos e traímos e aleijamos e continuamos em frente
porque mesmo que não querias esta é a única maneira para mudarmos seja ou não
sem uma empresa que tem vem buscar caixotes a casa por m3. Mas é mais forte do
que eu preciso de respostas e porquê isto e porquê sentir-me assim por causa de
coisas que não têm realmente valor e tu sabes e eu também sei o que é valor e o
que é de valor eu sei mesmo que outros não o saibam mas tenho que acreditar em
mim mesmo que não conheça quem está no meu ombro direito ou no esquerdo. Que se
lixe a pintura e a escrita e a escultura porque fechadas nelas mesmas elas são
aquilo que todos nós sabemos porque é para isso que o ser humano inventou a
história para se situar a enão se sentir sozinho numa ilha perdido sem ajuda
sem recurso sem amigos chamada planeta Terra, o que interessa é o que interessa
agora seja escrever freneticamente com erros no Windows 2010 ou pintar ou ler
coisas ou dizer a pessoal que preciso dos vídeos que lhes pedi à duas semanas
mesmo sabendo que toda a gente tem coisas para fazer e que o meu tempo apesar
de ser o mais importante não o é. O que interessa é que no meio do caos haja um
pequena luz que mostra que estou maluco mesmo não estando porque estamos todos
e se todos estivermos então torna-se norma e ser-se maluco é estar fora da
norma e por isso já não o sou. E não sou mesmo não tendo a certeza mas dizer ou
escrever as coisas a voz/teclado alto ajuda-me a mentir-me a mim mesmo e dizer
que sim senhor estou na norma mesmo que não entenda muito do que se joga ao meu
lado mas quem percebe e cá estou eu mais uma vez a criar desculpas para me
sentir mais seguro num mundo e num corpo que treme de sede de fome de açúcar e
de vídeos na internet que me apresentam maneiras de eu ser mais e melhor e
menos e pior e a vida é assim numa procura cambaleante de erros e choros e
alegrias e desespero e de vazio que um dia tu e eu sabemos que tudo o que
gostas vai desaparecer ou pior ainda as coisas que não gostar vão ficar a
atormentar-te todos os dias que te levantas da cama e te olhas ao espelho
contente a esfregar a língua com a tua escova de dentes ecológica tal como a
pasta que a tua namorada te comprou para te lembrares daquilo que não querias
ter-te nunca mais lembrado que foi que erras-te e não tiveste à altura daquilo
que tu e outros idealizaram num mundo de ideias e de mitos e de teoria da arte
e de vídeos na internet que me ensinam a levedar como deve de ser o pão que eu
nem sequer deveria ter comido pois outro me disseram que era melhor não o fazer
mas afinal quem és tu e o que queres realmente? Queres que seja monge Budista
ou nada de nada de nada perdido encontrado numa floresta como macaco que já não
sou e que na sua capacidade de se projectar não se projecta para além do fato
de se projectar a não projectar. Nem 5 ciclos de respiração continua consigo
fazer sem a minha mente partir para outro lugar sem ser para a minha própria
respiração esta que me permite estar vivo mas que eu nunca ou quase nunca penso
nela. Na resolução ou procura de resoluções bato repetidamente com a cara num
muro que parece ser cinzento mas na verdade é da mesma cor das coisas que se
vão colocando à sua frente e então apercebo-me; foda-se, ok é isso, é isso, caí
na puta do erro de querer fazer coisas para fazer porque a fazer coisas é
visível que eu sou eu e eu faço isso então é a merda do produção o grande problema
aqui e eu de certa forma já o sabia mas produzo mais e mais para ir de encontro
a ela e entendê-la pois é esta a maneira que eu me fui aprendendo a resolver os
problemas que eu vou inventado porque imagina-me só eu sem problemas? Era um
problema, e por isso para não haver problemas vou cirando alguns para me
permitir ser mais calmo e mais atento e consciente a mim e ao outro e ao todo e
ás minhas vontade e ás tuas que eu sei que tu querias que eu voltasse a pintar
mas não quero apesar de querer mas resisto porque o desconforto é fértil e a
fertilidade ajuda na produção de quem tem muitas dúvidas e muitas ideias e
melhor ainda tem uma sublime capacidade de inventar problemas para colocar na
sua vida então tudo é um luta seja contra mim contra as letras contra ti ou as
manchas de tinta que eu raramente vejo porque passo o meu dia todo à frente d’um
computador que já me conhece melhor do que eu a mim e acredita que eu sou muito
bom na matéria mas parece que ele melhor que eu se tornou muito graças à minha
ajuda porque ele não funciona sozinho. Nem eu, nem nós.
Sem comentários:
Enviar um comentário