Há uma necessidade em se produzir e penso que é uma necessidade. Na verdade não penso necessidade e por isso é que é uma necessidade e não algo mais. Ou menos. Mas penso ás vezes sobre esta necessidade que aparece desprevenida e questiono-a. Não a encosto a uma parede. Enconsto-a a uma/minha paisagem. E vou observando esta coisa abstrata que é a meditação de algo que vem como impulso e apercebo-me que estou dentro de uma armadilha montada por/para mim mesmo. A necessidade de produzir reparte a sua energia no medo em não me colocar na armadilha. É do género: - Faz filho faz, mas tem cuidado. A noção do eventual perigo ganha então relevo e paira à minha volta como um lembre-te de algo impreciso. Faço coisas com um pé cá e um pé lá. Apercebo-me então que essas coisas não são feitas, apenas meio. Mas há coisas que faço por necessidade por inteiro. Essas das quais pouca gente encara como produção e por isso ninguém me pede para ter cuidado e quando digo ninguém digo até eu mesmo. É contreverso ao ponto de não saber se quero sequer saber mas se não quisesse não escreveria este tipo de coisas aqui neste rectângulo tão frio e distante como a sabedoria do velho barbudo que tu desenhas dentro do teu pequeno rectângulo virtual, frio, quadrado, azul e que tanto sabe mas que tão pouco faz.
Como tudo e todos, é uma necessidade. Infelizmente não a consigo saciar.
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