sábado, 27 de outubro de 2018

A ideia, a idealização, e os seus problemas, ou, o problema idealizado !



Na sua maioria, os problemas que advêm da minha prática diária nascem de jogos que vou idealizando em cima desta e em cima da sua pertinência. Pertinência: das palavra mais feias e mais precisas naquilo que toca toda a minha visão perante as coisas que me rodeiam. Passo a explicar; a feiura da conotação da ideia por de trás desta palavra é visivel no corte que esta representa para uma criatividade livre, ou pelo menos, com o mínimo de restrições possíveis para o seu desenvolvimento. Por outro lado, a necessidade - que se tornou numa obrigação consciente - em ter uma visão crítica em relação ás coisas que esta prática vai absorvendo/regurgitando. O primeiro problema, e provavelmente o único pela sua dimensão e pela minha incapacidade em superá-lo, surge então neste paradoxo que se cria entre uma vontade/uma curiosidade interior e uma necessidade em a analisar, de a pôr em concordância com aquilo que sou e aquilo que me rodeia. Há já muito que me encontro no limbo destes dois precipícios sem fim. Por um lado, as ideias vão surgindo e vão acompanhando aquilo que eu vou experienciando. Resumidamente, é uma pratica que se encontra no agora, no presente, e pode, se concretizada, fazer um dia parte do passado. Por outro lado, a questão da concordância põem em causa a ideia. As questões vão de encontro ao seu começo e rapidamente se dirigem para o futuro, questionando a concretização e se é ou não apropriado realizá-lo. Neste caso, resumidamente, é um duelo entre a experiência adquirida no passado e uma ideia d'aquilo que será o futuro. É incoerente, eu sei, mas este texto e estes tempos também o são.
O meu papel - atitude que na maioria das vezes é vencida pela minha arte em inventar desculpas - é a de encontrar um equilibrio neste paradoxo. Um equilíbrio que na maioria das vezes se apresenta e se concretiza - quando se apresenta/concretiza - lhano e incoerente. Mas em relação a isso eu nada posso reivindicar. É a atmosfera do meio onde este se cria, e, sendo transparente, este assim se apresenta.
Gostava de ter uma espécie de resposta, de conclusão, segura que explica-se o porquê de eu escrever este tipo de desabafos, entre muitos outros, mas a verdade é que não a tenho, e é provavelmente por isso que assim o faço.
Para acalmar esta insegurança, vou fazendo uns km de bicicleta, vou vendo uns videos de coisas desinteressantes, vou tirando umas fotos a espelhos de carro partidos ou a partes de bicicletas roubadas/abandonadas pelas ruas da cidade, vou desenhando umas pessoas no café, vou escrevendo uns textos com palavras desapegadas umas das outras, vou passeando os cães por paisagens que não aproveito, vou comendo inconscientemente, fazer de conta que sou bom companheiro, ou lendo sobre coisas que concordo plenamente mas que não consigo opinar. Vou fazendo coisas, para me esquecer que deixei coisas por fazer, para ver se novas coisas vão surgindo, obrigando-me as esquecer aquelas que fiz de conta fazer.

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