O diário gráfico como objeto que se fecha e que rebate o seu conteúdo
nele próprio. A electricidade/tensão nele contido liberta-se à medida que este
é aberto e que se vão virando as suas páginas. A electricidade não é devida à
espectacularidade do seu conteúdo, mas devido à sua inevitável transparência e
humildade. O diário gráfico é um verdadeiro
auto/retrato/representação/biografia do seu utilizador. Este objeto é,
devido à sua utilização fugaz e intuitiva, despretensioso e lhano. Foleá-lo
desvenda uma certa consciência em relação à inconsciência nele exercido. O
diário gráfico como amparo e não como ferramenta, é assim que ele é encarado,
ou melhor, é assim que ele se assume.
Tudo começou com uma proposta feita por parte de uma amiga para
publicar desenhos que se encontravam em alguns dos meus diários gráficos.
Fiquei motivado com o facto de alguém partilhar o mesmo entusiasmo que eu em
algo de tão pessoal como o conteúdo de um diário gráfico. Depois de vários
meses de trabalho, este foi o objeto que resultou em 40 exemplares:
Livro nº1 – Desenho por gosto,
desenho porque gosto, desenho, porque sem desenho, de mim não gosto, é um
livro que contem um arquivo de vários desenhos que se vão encontrando ao longo
das muitas dezenas de diários gráficos que até hoje preenchi. Desenhos de mim
mesmo a desenhar. Desenhos de mim mesmo a desenhar-me.
Com 60 páginas, impresso em papel vegetal de 92g, o primeiro livro
assemelha-se fisicamente a um diário gráfico comum, de tamanho A5 com capa
preta e elástico.
A fusão visível nos desenhos que se sobrepõem uns nos outros (devido ao
papel vegetal usado para o miolo do livro), vai de encontro a uma questão que
sempre me cativou; como ficarão os desenhos contidos num diário gráfico quando este
se encontra fechado e estes se rebatem sobre eles mesmos?
Livro nº2 – Alguns desabafos
arquivados, é um pequeno arquivo diário de desabafos (83 no total) que se
foram encontrando em alguns dos meus diários gráficos, outros do Manuel dos
Santos e outros do João Gastão (amigos de longa data que partilham interesses
semelhantes aos meus).
Com 36 páginas, impresso em papel de linhas com 110g , este segundo
livro – preenchido de pequenos desabafos/conselhos – é portátil ( 5x14,5 cm) o
suficiente para te acompanhar sempre que necessites dele.
Livro nº3 – Apanhar um soco no glote enquanto se sustenta a
respiração. Apanhar um soco no glote. Apanhar um soco. Soco. Gôto. É o
terceiro e ultimo livro desta colaboração. Todo ele realizado pelo João Gastão,
este pequeno livro narra um episódio que ilustra muito bem a duvida/receio
presente no momento em que é proposto uma publicação com material tão pessoal
como aquele que está presente nos nossos diários gráficos.
Com 76 páginas, impresso em papel de 80g cor de rosa, este pequeno
livrinho (A7) tem as dimensões proporcionais ao constrangimento sentido na
duvida/receio acima descrito.
Os três livros são vendidos em conjunto, e vêm acompanhados com um
original de um dos três autores neles presentes.
Kevin Claro, Outubro de 2017
Kevin Claro: cargocollective.com/kevinclaro
João Gastão: http://cargocollective.com/joaogastao
Manuel dos Santos: http://manueldossantos.tumblr.com/
Kevin Claro: cargocollective.com/kevinclaro
João Gastão: http://cargocollective.com/joaogastao
Manuel dos Santos: http://manueldossantos.tumblr.com/
Inspirado.
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