Desta vez não meti snooze no despertador (o truque é acordar em cima da hora),
os dentes lavam-se enquanto inspeciono o meu tronco e o meu rosto,
as calças, as meias e as camisolas vestem-se bem nesta altura do ano,
nem vou falar dos dois pares de luvas,
dou-lhe um beijo, digo-lhes portem-se bem putos e
depois de ligar a luz de trás da bicicleta,
ponho-me a pedalar,
mudo uma mudança para cima,
pedalo em modo automático, as conversas que tenho comigo mesmo durão os 9,4 km que tenho a fazer,
mas,
apesar de curta,
os temas da conversa são interrompidos todos os 10 segundos por pessoas, carros, bicicletas, cores do ceu e das nuves, barulhos, cheiros, vento, frio...
chego e depois de dizer Bonjour, ça va? a duas ou três pessoas entro para dentro do espaço que parece por agora uma tenda, acendo algumas maquinas, verifico outras, entro numa porta com as chaves que esta no quarto bolso da minha mochila atulhada de coisas pertinentes,
as luzes acendem-se juntamente com o subir do sol,
aspiro e espano o que ha para aspirar e espanar,
é espanar sim, ESPANAR!
organizo o que vou recebendo ao longo da manhã,
e se tiver tempo, antes do meio dia, como as minhas papas de aveia e banana com um multivitaminico de B12, ferro zinco D3 e Omegas 3 e 6,
se não tiver tempo como pão seco,
eles chegam e a boca enche-se de agua para lubrificar a garganta e a lingua que levemente vai humidificando os lábios que secos ficam com a repetição da sequência de palavras:
Bonjour,
Vous travailler dans la zone Odysseum?
Ça sera tout?
Ça vous fait...?
Les couverts sont de se côté,
vous avez l'eau et le pain ici si vous voulez,
Bon appétit et bonne journée!
Entre o seco e o molhado ele ou ela aparecem,
as conversas rodam sempre à volta dos mesmo assuntos,
interessantes e redundantes,
mas os putos estam cada vez mais criativos e isso deixa-me feliz da vida,
comemos juntos, há duas semanas sobre quatro em que trago o meu almoço de casa,
não tenho pachorra para comer coisas das quais eu não tenho ****** em comer,
******
depois limpamos tudo e costuma ser sempre eu a levar o lixo la pra fora,
é fixe posso andar a correr em cima do carrinho das compras quando volto dos contentores,
Volto a aprontar-me, ponho tudo dentro da minha mochila e vou direto à Emile Zola,
ou ás vezes à dias, como os de hoje,
em que o espigão, as fotocópias, as fotografias e os cães me distraem da minha pouco concentração que posso ter neste espaço tão bem iluminado,
(os putos vestem-se mesmo bem hoje em dia, mas em relação a isso eu nada mais do que isso acho)
Volto para casa e volto a meter a mudança para baixo antes de chegar à primeira subida que me faz não conseguir respirar apenas pelo nariz,
Chego a casa e eles lá estão, ela também,
se não os for passear vou passear-me a mim,
se conseguir afastar-me do que de aliciante a internet tem a oferecer faço coisas,
se não...
tambem faço coisas mas que penso por dar importância a outras que não o são,
e olho para o relógio porque amanhã será um dia novo, espero eu melhor que o de hoje que não foi mau,
que seja o que seja mas que não seja mau,
é que o tempo já começa a pesar e eu só tenho 27 anos.
27 anos.